Vault 112 e o Universo Simulação

28/05/2012

Se você estava com saudades com os posts malucos do Ah Duvido, prepare-se!

Há muito tempo sou admirador de uma série chamada “Fallout”. Para quem não conhece, Fallout é um game que tem uma saga fantástica, uma história rica em detalhes, construção de cenário e personagens, sendo tamanha a extensão e criatividade que o mesmo já tem o seu próprio Wikia (uma espécie de Wikipédia particular).

Para introduzir o leitor ao raciocínio que irei relatar a seguir, vou explicar um pouco sobre a História de Fallout: o game ocorre em um ambiente pós-apocalíptico no século 22. Tudo começa quando em 2077, aonde a escassez do petróleo e tensões crescentes entre EUA e China ocasionam uma guerra nuclear. O mundo começa a ser devastado por esses ataques, inclusive o EUA, maior potência bélica, tem a costa oeste completamente destruída pelas bombas atômicas. Como precaução, o governo americano decide criar diversas Vaults ( Cofre/Câmaras ), que são abrigos para os refugiados de guerra, construídas para garantir a segurança da população, tal como temos hoje em alguns países da Europa, como essa que você pode conferir clicando no link, que fica na Noruega e guarda sementes, podendo comportar 300 famílias. No primeiro Fallout, seu personagem nasce em uma dessas Vaults. Em um certo período da vida, você é obrigado a sair do abrigo devido a um defeito ocorrido no chip de purificação de água, com objetivo de encontrar um meio de consertá-lo, começando a partir daí, a conhecer o mundo tal como ele ficou. De uma saga para outra, você percebe que as Vaults não deram muito certo. Em New Vegas, o ultimo capítulo da saga, praticamente todas as Vaults já estão desativadas ou destruídas. (Lembrando que apesar de Fallout acontecer em um cenário pós-apocalíptico, ele é baseado na visão das pessoas dos anos 50 de como seria o futuro, visto a crise nuclear que ameaçava o mundo, contando com carros antigos, várias imagens desenhadas e pôsteres pregados nas paredes, no estilo dessa época, além de computadores e robôs que sustentam a idéia de que “quanto mais botões coloridos e luzes melhor”.)

Nessa parte da saga, alguns players devem ter encontrado a Vault 112. Como o enredo do jogo é construído pelas ações do jogador, em um sistema completamente livre, provavelmente muitos players jogaram o game e nunca tiveram contato com essa Vault, ou mesmo, entraram lá e não ficaram sabendo da sua história, que na minha opinião, é de uma criatividade tremenda, além de ser perturbadora.

A história da Vault 112 é a seguinte: A Vault 112 foi à última a ser construída. Sua criação começa em novembro de 2068 e termina em junho de 2074. Dr. Braun, o responsável por essa Vault, projetou-a para 85 ocupantes. Esta elite teria o prazer de desfrutar de um programa de simulação de realidade, criado pelo próprio Braun, que visava proporcionar o condicionamento das mesmas à uma sociedade perfeita. Seus corpos eram congelados em uma câmara criogênica e o sistema proporcionava à esse grupo seleto o que Braun idealizou como “sociedade perfeita”. Contudo, logo se descobriu, para infelicidade de Braun, que “sociedade perfeita” é um conceito subjetivo e que não cabia para os 85 ocupantes. Desse modo, o que era para ser uma eternidade perfeita, transformou-se em anos de cobrança de Braun para que ele alterasse a realidade para um e para outro, de modo que, quando alterava para um, outro reclamava e assim sucessivamente até que o cientista e criador ficou louco.

Em sua loucura, Braun resolve alterar de vez o sistema da simulação. Nessa nova versão não haveria mais a sua perfeição planejada. Braun, ao invés disso, criou uma sociedade que ele presumiu que seria a continuação daquela do mundo real, porém, levando em consideração um detalhe: na realidade virtual, a guerra nuclear não ocorreu. Mas isso não é tudo. Os membros dessa realidade viraram brinquedos a mercê de Braun. Ele se tornou o Deus da realidade. E a simulação passou a ter mais ocupantes, pessoas virtuais, que eram planejadas pelo sistema de Braun, através de um processo de cálculo de mistura de personalidade e aparência dos 85 ocupantes reais, como se todas as pessoas virtuais iniciais fossem resultados da fusão dos membros reais da simulação (posteriormente, os próximos ocupantes virtuais seriam o resultado do código dos pais, já que a realidade virtual imitava a realidade “real”). Braun ainda apagou a memória dos ocupantes, o que os deixou perdidos no mundo virtual tendo absoluta certeza de que aquele era o mundo real.

Essa história vai direto de encontro com o post publicado aqui no Ah Duvido em 2010 ( recuperado em 2011) que sugere o que universo é uma simulação. A principio, quando publiquei esse post, imaginei que a idéia era baseada no filme Matrix  e que a teoria do universo ser uma simulação vinha dos dias atuais. Mas estava enganado. Isso já vem de tempos remotos, anteriores aos computadores, anteriores a Cristo, em uma época que ao menos sabíamos o que era byte.

Começando pelo misticismo judaico, a Cabala. Uma das vertentes da Cabala diz que, antes do inicio do tempos, todos nós, seres ainda não humanos, vivíamos em um mundo “perfeito”. Porém, a própria perfeição parece fadigar, e o universo foi criado com o objetivo de, digamos, termos algo há fazer além de ficarmos nos divertindo e aproveitando o tempo todo ( sinceramente, eu não entendo porque adotaria tal idéia mas tudo bem, prossigamos…) . Essa história sugere que, considerando a hipótese de ela ser real, estaríamos vivendo em uma realidade alternativa, melhor dizendo, falsa, ou seja, uma simulação criada para atender nossas exigências.

Outra cultura que apoia essa idéia é uma das ramificações budistas. Ela diz que todos nós vivemos em uma ilusão cíclica. Conhecer e entender a verdade nos tornaria livres e o Nirvana era o entendimento dessa verdade. As lendas de alguns budas mostra o quão poderoso seria esse ato. Em certos contos, esses budas, dominadores da realidade, consegue materializar objetos, animais, até mesmo pessoas, além de poder de concretizar qualquer tipo de milagres, controle do espaço-tempo, entre outros absurdo aos nossos olhares, o que tornaria a pessoa um verdadeiro cheater da realidade em vivemos.

Do budista à filosofia, temos René Descartes. René Descartes, o famoso filósofo francês, no século XVII, estabeleceu as bases do racionalismo. Primeiro, ele duvidava de tudo, a em seguida, ia restabelecendo as verdades baseados na razão. Ele chegou à 3 conclusões que são bastante conhecidas: “Penso, logo existo”, “Deus existe” e “o mundo existe”. Para a maioria isso pode parecer óbvio, principalmente a terceira afirmação. Mas infelizmente, é impossível provar cientificamente qualquer afirmação como essa.

O método científico consiste em 4 etapas: observação, pergunta, hipótese e experiência. E provar cientificamente que o mundo existe, por exemplo, já esbarra na primeira etapa: a observação. Nós vemos o mundo com base em nossos sentidos (visão, paladar, olfato, tato e audição), mas eles podem nos enganar. Quando estamos assustados, por exemplo, às vezes ouvimos sons que na verdade não existem. E quando não acessamos diretamente a realidade, nossas sensações são geradas pela nossa mente, que recebe, interpreta e transforma o resultado em algo legível pela consciência.

Mas se o ser humano não pode observar o mundo sem passar por esse filtro, não é possível provar se ele é real ou somente uma ilusão. Cientificamente falando, nada nos impede de estar vivendo dentro da Matrix, onde tudo é uma ilusão, desde o complexo funcionamento do nosso corpo até mesmo aos ecossistemas da Terra.

E já que estamos falando de Ciência, por que não falar o que ela pensa sobre? São inúmeras as abordagens científicas sobre o tema, por isso, não teremos como falar delas em específico. A maioria são experimentos mentais, geralmente de uma complexidade tremenda. Alguns cientistas já sugeriram como realizar esses experimentos, para comprovar os vestígios da simulação, como  Seth Lloyd, Michio Kaku e Edward Witten. O problema está no investimento necessário para concluir tais experimentos. Em primeiro lugar, seria indispensável descobrir se algumas partículas hipotéticas não são meras hipóteses para daí dar inicio aos experimentos voltados para esse assunto. Só essa etapa já custaria na casa dos bilhões de dólares. Posterior à isso teríamos que construir tecnologias mais eficientes, como computadores mais rápidos e fontes de energia mais potentes para prosseguir nos experimentos propostos pelos cientistas que abordam essa hipótese. Não querendo decepcionar mas provavelmente não veremos essas descobertas.

Essas são apenas umas das tantas outras teorias, hipóteses, religiões e culturas que tratam desse assunto. Infelizmente o post não tem como abranger todas as ciências e culturas que tangem o tema, por serem muitos, mas já deu para iniciar a idéia. Se você conhece algum, pode deixar nos comentários e colaborar.

Por fim, imaginar que o universo é uma simulação não é tão absurdo assim, pois se antes de 2030 já seremos capazes de criar no computador, um universo com seres pensantes, quem é que garante que alguém já não tenha feito isso antes e nós somos o resultado desse experimento? Você verá isso no post de amanhã sobre as “4 teorias do que havia antes do Big Bang”.

E você leitor, o que acha?

Obs:. Só para deixar mais sinistro, quem conhece as profundezas da creepypasta já deve ter lido a história das “number stations” da saga Fallout.  É uma história muito sinistra, que diz que Fallout guarda secretamente mensagens de acontecimentos que ainda acontecerão. De fato, coincidência ou não, são descritos em certas partes do game, acontecimentos do nosso mundo, que foram inseridos no game antes mesmo de ocorrer. Seria o game uma pista da nossa obscura realidade, tal como sucede em “The Sims” aonde os Sims podem comprar o game “The Sims” e jogar nos video games disponibilizado nos jogos?