10 desastres humanitários da atualidade ignorados pelo mundo

30/07/2014

Aproveitando a deixa do conflito que se instalou na Ucrânia, do avião civil que foi abatido e da carnificina praticada na guerra civil da Síria, que começou em março de 2011 e matou mais de 160 mil pessoas, expulsou cerca de 3 milhões de refugiados e deslocou muitos outros dentro do país, quero compartilhar uma matéria que encontrei enquanto lia o blog Relativamente Interessante.

Ele relata outras atrocidades ou desastres não menos importante que as evidenciadas pela mídia global, que acontecem em outros países mundo afora! E como eu sei que vocês adoram discutir e comentar posts interessantes, vou me esforçar para trazer alguns que vão deixar vocês satisfeitos!

10. Refugiados da Crise da Eritreia

Eritreia nem parece estar no mapa de tão esquecida ou até mesmo desconhecida por muitos (inclusive eu). Este país é governado por uma das maiores e piores ditaduras em atividade no mundo!

No governo do presidente Isaias Afewerki, as crianças são recrutadas para serem usadas como soldados, milhares são forçadas ao trabalho escravo e pessoas inocentes são rotineiramente sequestradas. Sem surpresa, milhares escolhem fugir do país e a política de “atirar para matar” prevalece para qualquer cidadão que deseja sair das suas fronteiras. Aqueles que conseguem sair vivos do país, muita vezes acabam em campos de prisioneiros em países vizinhos ou simplesmente são presos e deportados de volta à Eritreia, e quando retornam nunca mais são vistos.

Em outubro de 2013, a ONU admitiu que a situação dos refugiados estava ficando “desesperadamente triste”. Com cerca de 300.000 pessoas fugindo da Eritreia a cada ano, as coisas estão chegando a um ponto de rutura. No entanto e lamentavelmente, a Eritreia não recebe mais do que uma nota de rodapé na maioria dos sites de notícias.

9. Fome em Mali

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No final de 2013, as forças da ONU anularam um levante terrorista no norte de Mali. Apesar de uma atrocidade em larga escala ser evitada, toda esta luta teve um efeito inesperado. As comunidades mais atingidas pela seca recente descobriram-se incapazes de produzir uma colheita de novo no ano seguinte. O resultado é uma crise alimentar que pode ficar desesperada a qualquer momento.

De acordo com a Visão Mundial, mais de três milhões de malianos correm o risco de ficar sem comida nos próximos seis meses. Atualmente cerca de 800 mil já estão morrendo de fome e a desnutrição está causando estragos na saúde de 400 mil crianças. Ao mesmo tempo, a falta de financiamento é o que torna difícil para as agências de ajuda fazerem alguma coisa para ajudar e combater o desastre em andamento.

Infelizmente as notícias não são boas, e estima-se que atualmente 50.000 crianças estejam a morrer em agonia.

8. Guerra Civil na Colômbia

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Desde 1964, a Colômbia está num estado de guerra civil constante. Grupos terroristas de esquerda FARC e ELN viraram grandes extensões do país. Embora a própria guerra seja rotineiramente relatada na imprensa do mundo, um aspeto é menos bem conhecido: existem na Colômbia cerca de 4,9 milhões de refugiados internos.

Sem-teto, sem dinheiro e ignorados pelo seu próprio governo, os deslocados colombianos estão estrelando o seu próprio filme-catástrofe em câmara lenta. A Caridade Especialista IDMC estima que 94%o do povo está vivendo na pobreza e 77% vive na “pobreza extrema”. Isso significa que eles têm de sobreviver com menos de U$ 1,25 por dia.

Para a maioria desses refugiados, a vida significa ser violentamente agredidos nas ruas da favela, sequestrados e estuprados ou forçados a tornar-se um guerreiro para as FARC. O governo colombiano, por sua vez, trata-os como um incômodo e um “é melhor esquecer”.

Mas parece que ainda há esperança para que neste ano de 2014 seja o ano das FARC finalmente serem desarmadas, a fim de acabar com a mais longa guerra civil do mundo.

7. Crise na Saúde em Camarões

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Camarões é muito menos conhecida do que a sua famosa e conflitiva vizinha Nigéria. Mas o país sofre de uma crise terrível onde a saúde encontra-se à beira de um colapso.

Um colapso total da saúde seria ruim o suficiente até mesmo na sociedade mais saudável. Mas, em Camarões, poderia ser uma sentença de morte para todo o país. As altas taxas de HIV já estão fora de controle, e mais de 50 mil crianças sofrem com a doença. Além deste quadro tenebroso, estas centenas de milhares de crianças estão passando fome agora, resultando numa segunda epidemia de crianças severamente abaixo do peso.

E como se isso não fosse o suficiente, a malária também é endêmica na região, contribuindo para a taxa de mortalidade infantil estratosférica de Camarões.

6. Limpeza Étnica na Política da Birmânia

O vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, foi inesperadamente libertado da sua prisão Mianmar e, em seguida eleito em 2012. Muitos declararam que o desastre do país em relação aos direitos humanos chegara ao fim. Mas algo novo e maligno começou a acontecer neste páis: a limpeza étnica.

Desde 2012, a minoria muçulmana de Mianmar tem sido alvo de extermínio por violentas milícias budistas. De acordo com informações da polícia local, casas foram totalmente queimadas, corpos foram mutilados e crianças foram assassinadas. A crescente violência tem descolado quase um quarto de um milhão de pessoas para acampamentos com saneamento inadequado, proporcionando um quadro com mais mortes no histórico atual da Birmânia.

A Human Rights Watch acusou o governo de “discriminação patrocinada pelo Estado”, que mata na tentativa de limpeza étnica. Infelizmente, o seu relatório tem recebido muito pouca atenção do público.

5. Problema dos romanos em Kosovo

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Em Kosovo aconteceu a última grande crise de refugiados do século 20. Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas pelo conflito e milhares foram mortos. Mas talvez nenhuma etnia tenha sofrido tanto quanto os romanos de Kosovo.

Ao longo de 16 meses brutais, 9 em cada 10 romanos viram as suas casas destruídas e os seus bairros invadidos. Os sobreviventes fugiram ou foram para os campos de refugiados com pouco saneamento básico, habitação inadequada e produtos químicos mortais contaminando o solo. E mesmo após 15 anos do término do conflito, muitos deles ainda continuam no local.

Dizer que as condições nestes campos são abismais seria um eufemismo. Em Konik, um acampamento de Montenegro, as famílias são arrebanhadas em contentores e deixadas para apodrecerem. Durante o inverno brutal de 2012, todo o acampamento ficou sem eletricidade. Crianças alojadas no acampamento Mitrovica, agora fechado, foram expostas a níveis de chumbo tão tóxicos que adquiriram deformidades pelo corpo.

Embora muitos tenham sido devolvidos à sociedade de Kosovo, a maioria ficou exposta à discriminação e à pobreza extrema.

4. A Situação das crianças da Libéria

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Em janeiro de 2014, o governo liberiano fez um anúncio chocante: de todos os casos de estupro reportados à polícia em 2013, mais de dois terços envolviam crianças com idades entre 3 e 14 anos.

Segundo a UNICEF, mais de 130 casos de violência sexual contra crianças são relatados na Libéria a cada mês. Muitos dos perpetradores nunca são levados à justiça, mesmo quando o resultado é assassinato. Para piorar a situação, as vítimas que testemunham, correm o risco de serem condenadas ao ostracismo pelas suas comunidades, mas os crimes muitas vezes não são notificados. Aqueles que fazem falar encontram-se no lado errado de um sistema de justiça que poderia resumir a sua atitude para com os direitos das crianças com um encolher de ombros simples.

Dê um passo para trás e as coisas ficam ainda mais sombrias. A Libéria é um dos “melhores spots” do mundo para o tráfico de crianças, um eufemismo para dizer que as pessoas lá aprisionam e repetidamente estupram crianças sem uma única dor de consciência. Orfanatos locais são conhecidos por prostituir os seus detentos, enquanto as empresas comerciais vão comprar crianças com menos de 10 anos de idade para usar como trabalho escravo. É como se o país fosse um buraco negro gigantesco para a empatia e esperança e as coisas não mostram nenhum sinal de melhora.

3. Os imigrantes do México

Não é nenhum segredo que os trabalhadores mexicanos muitas vezes apontam seus olhos para a fronteira norte-americana. Mas uma parte da história muitas vezes fica de fora: os horrores extremos que esses imigrantes enfrentam na sua jornada.

Segundo a Anistia Internacional, os trabalhadores que cruzam o México são rotineiramente sequestrados, estuprados e assassinados por gangues locais. As autoridades não se esforçam em fazer nada a respeito, e pelas estimativas da Anistia, essa indiferença resulta em dezenas de milhares de mortes e agressões a cada ano.

Graças à segurança reforçada e à presença de milícias, atravessar a fronteira tornou-se praticamente uma sentença de morte. Os migrantes enfrentam o deserto do Arizona numa área conhecida como a queima do Corredor da Morte. Desde 2001, esse trecho de deserto já matou 2.100 pessoas. Mas, nos últimos quatro anos, a contagem de corpos realmente decolou com números vertiginosos e alarmantes.

2. Crianças famintas do Sudão do Sul

Assim como Mali, Sudão do Sul é uma região que ainda se recupera de um conflito sangrento e catastrófico. E por lá, a luta também deixou sequelas terríveis. Com quase nada a ser colhido no norte do país este ano, estima-se que mais de um milhão de crianças esteja à beira da inanição.

De acordo com a caridade World Vision, a desnutrição é endêmica na região. E para piorar a situação muitas destas crianças estão ficando sem teto. Perdidas, com fome e confusas, muitas delas têm recorrido a comer folhas e detritos, e muitos comem qualquer coisa, literalmente.

A UNICEF atualmente estima que o desastre absoluto só pode ser evitado com o lançamento de uma operação humanitária de 75.000.000 de dólares. Essa meta parece ser improvável de se atingir, e a previsão é que uma névoa de morte está pra chegar em todo o Sudão do Sul em junho, matando cerca de 1,25 milhões de crianças.

1. O Desastre da república Centro-Africana

10 desastres humanitários da atualidade ignorados pelo mundo (6)

E por fim, o Conflito entre muçulmanos e cristãos choca pela barbárie na República Centro-Africana. Um quarto da população está em perigo eminente de morrer de fome. Ataques violentos de milícias cristãs a minorias muçulmanas obrigaram quase 1 milhão de pessoas a sair de suas casas à procura de locais seguros para sobreviver. Segundo a estimativa da ONU, o confronto gerou 935 mil refugiados e deslocados até aqui, aproximadamente 20% da população do país, número que dá a medida do desastre. Poucos campos foram criados e muitos foram deixados a apodrecer à beira da estrada. O alimento é quase inexistente e com a temporada de chuvas que está por vi, um surto devastador de cólera pode estar a apenas algumas semanas de distância.

A população dentro dos campos de deslocados encontra-se protegida por exércitos internacionais, mas à mercê da subnutrição, malária e falta de água potável. Os centro-africanos que não se mudaram estão expostos à guerra entre Sélékas e anti-balakas e continuam reféns das demonstrações de força covardes que as milícias infligem àqueles que são inocentes, mas que estão no meio do fogo cruzado. No começo de abril, a ONU criou uma missão de paz com 12 mil membros, sendo 10 mil militares, para proteger os civis na RCA. O número de centro-africanos que necessitam de ajuda humanitária já atingiu 2,2 milhões. Em seu relatório pós-visita, Ban Ki-moon relembrou o genocídio perpetrado em Ruanda, há 20 anos, movido por razões semelhantes às que movem as milícias inimigas na RCA. “Como eu vi em Ruanda, as comunidades que passaram por trauma nacional maciço podem aprender a viver juntas mais uma vez em relativa harmonia. Esse é o espírito que os líderes e o povo da RCA devem reacender. A comunidade internacional tem uma oportunidade de ajudar e uma obrigação de agir.

O mundo não pode deixar de observar estas e outras tragédias que ainda afligem vários países pobres. Quando aquele terramoto atingiu o Haiti em 2010, a cobertura global levou a um número recorde de pessoas que procuraram a Cruz Vermelha para ajudar. Até hoje, o 11 de setembro continua a inspirar as pessoas para ajudar. Mas se for possível trazer esses desastres terríveis para a luz, talvez possamos fazer o mesmo para o povo da República Centro-Africana e o resto das vítimas esquecidas do nosso mundo.